Buscar
Tourer, a versão mais completa da Kawasaki Versys 1000. Impressões e análises
Se a intenção do nome Versys pretende definir versatilidade (não sei o real significado da palavra Versys, mais soa bem) para esta moto de 268 kg e entre eixos de 1520 mm, à primeira vista parece que nada pode ser versátil nesta máquina, pois vê-se uma moto grandalhona, pesada e meio sem jeito mas, na prática, esta impressão desaparece!
Além de bonita, esta motocicleta é fácil de pilotar, mansa e doce, apesar dos seus quase 120 cv e um pouco mais de 10 kgf.m. No entanto, seu chassi e suas rodas de 17 polegadas frontal e traseira, ângulo de cáster de 27 graus e trail de 106 mm facilitam sua condução em conjunto com a mansidão do torque linear, suave e gostoso do motor de 4 cilindros em linha debaixo do piloto. Aliás, quem gosta dessa configuração de motor curtirá muito o som emanado através de um único silenciador acoplado do lado direito da moto. Mas é preciso definir esta categoria como uma pura street, ou seja, moto feita para rodar em asfalto, embora muitos a confunde como big trail, mas não é. Big Trail se define com uma ciclística alta, pneus on-off e rodas frontal de 19 ou 21 polegadas calçados com pneus mistos e suspensão macia em seu retorno e tensão. Também, muitos podem relacionar esta moto como uma Turing, ou Sport Turing , por seu conforto e ergonomia na pilotagem. Geralmente as Sport Turing possuem uma postura do piloto um pouco mais deitada para frente (como é o caso de sua irmã Concours 14) e nas Turing o entre eixo e peso são maiores. Por isso, podemos defini-la como uma esportiva com conforto de uma Turing, versátil como as Big Trail por sua facilidade em manobras e maleabilidade no trânsito pesado das grandes cidades e potência para se divertir em velocidades maiores, com muita segurança e proteção aerodinâmica. Sendo assim
muitos especialistas a definem como “Sport Adventure”. Eu prefiro defini-la como Crossover.
CONFORTO
Para um piloto sem carne nos glúteos, como eu, poderia ter mais espuma no assento. Garupa não pode reclamar! Excelente postura e maciez no seu banco. Um ponto muito positivo é a sua ergonomia para o piloto, confundido até mesmo como um pura Turing, pois sua pilotagem é facilitada por visualizar o painel de modo seguro, sem tirar em demasia a visão na estrada e, dessa maneira, dando mais segurança na condução. Por falar em painel, é completo, com destaque ao mostrador de autonomia que mostra a quilometragem restante para completar o combustível e o mostrador de consumo em tempo real. Muito bom, pois o condutor
pode regular sua pilotagem sabendo quantos quilômetros ainda pode rodar até chegar a um posto de combustível. Mas como nada é perfeito, o mostrador de marchas poderia ser mais bonitinho e funcional, quem sabe em LCD ou algo mais moderno. Com a bolha mais elevada, a proteção aerodinâmica é excelente até mesmo para o garupa, que se posiciona mais elevado do que o piloto. O pneu original desta moto é o Sport Turing da Bridgestone, achei-o muito duro e, portanto, desconfortável. Não consegui, dentro do padrão de calibragem, ajustar a suspensão para aliviar a “dureza” sentida desse pneu, pois, na proposta dessa moto, um pneu mais macio e com maior durabilidade seria mais adequado. Nesta versão as três malas estão incluídas e harmonizando com o desenho esportivo da moto, com muita beleza e funcionalidade: Dentro cabe tudo e mais um pouco.
SEGURANÇA
Quanto ao funcionamento da eletrônica, por favor, acesse o teste realizado na versão STD em https://www.amaralinstrutor.com.br/testes-em-motos/nova-kawasaki-versys-1000-esportividade-com-muita-seguranca/ Mas poderá ver seu funcionamento na prática, no vídeo abaixo.
Em meu comentário acima, referindo-me à sua versatilidade, bem… Ela é, de fato, versátil para o uso on-road, com sua manobrabilidade facilitada por sua ciclística, no entanto para o uso fora do asfalto ela “quebra o galho” em pequenas
trilhas, pois o pneu é para uso exclusivo 100% asfáltico, sua suspensão, na regulagem “normal”, copia muito bem trechos esburacados, depressões e saliências em estradas de terra ou asfalto ruim, mas é baixa podendo bater partes importantes debaixo do motor. Para o uso estradeiro em vias asfaltadas, se calçando um pneu de borracha mais macia, o qual combina um pouco mais com o estilo desse modelo de moto, fazendo com que esta versão que remete esportividade na condução ofereça muito mais conforto na pilotagem.
Gostei muito da atuação da tração eletrônica no uso na terra. Foi pura diversão! A iluminação é boa, mas poderia ter lâmpadas super brancas ou em Led, até mesmo para harmonizar com a cor das lâmpadas dos faróis auxiliares. Na traseira, os Leds iluminam muito bem e as frenagens são sensacionais, com pinças
Tokiko e sistema ABS (veja vídeo abaixo).
A eletrônica, em geral, ajuda muito para uma condução mais segura, porém mesmo sem acionar os sistemas de frenagem ABS e a Tração Eletrônica, sua estabilidade demonstrou muita confiança nas reacelerações em saídas de curvas e inclinações mais acentuadas e, também, nas frenagens em entradas de curvas. Fora do comum é a sua manobrabilidade. Como já dito, esta moto é
muito fácil de pilotar, principalmente em trânsito carregado. Digo uma coisa: se o piloto desta moto não ajustar seu juízo normal, ele pensa que está pilotando uma moto de pequeno porte, pois facilita em entrada de “corredores”, manobras mais apertadas, obedece rapidamente os comandos do condutor e sua estabilidade em velocidades maiores é, sem dúvida, excelente!
Com dois módulos de aceleração em harmonia com os três módulos de tração eletrônica, o piloto poderá optar em retomadas mais sensíveis, ou seja, mais precisas no toque do acelerador, principalmente se necessitar de ultrapassagens mais rápidas. Para um trânsito mais fechado e congestionado, ou mesmo em solo molhado, o condutor poderá optar por uma reaceleração mais suave, sem trancos e, assim, mais segura em retomadas quando as manobras são curtas.
É, sem dúvida, uma moto bem elaborada: desenho esportivo que agrada muitos críticos, ciclística que facilita a pilotagem, funcional em sua proposta para
realizar grandes viagens com estabilidade, segurança e muito conforto e com um custo benefício razoável entre seus concorrentes de mesmo estilo, pois a Versys é a mais completa, vindo com acessórios originais de fábrica: três malas, três níveis de tração eletrônica, dois módulos de aceleração, embreagem deslizante neutralizando o efeito “back torque” nas reduções de marchas bruscas, mostrador de marchas, protetores de mão e carenagem, tomada 12 volts, faróis auxiliares e muito conforto para piloto e garupa.
Amigos leitores, considero esta moto como a entrada para o mundo das altas cilindradas, conforto em longas viagens e mesmo que tenha alguma restrição para uso off, esta motocicleta vai muito bem em pequenas trilhas sem asfalto. Claro que, na posição de motos de luxo precisa, sim, rever detalhes de acabamento, como por exemplo, melhorar o marcador de marchas, calçar pneus mais macios e duráveis, instalar manoplas aquecidas e piloto automático. De certo, isto será revisto pela Kawa. Afinal, o mercado está aí pronto para inovações porque são os detalhes que darão viabilidade a este público cada vez mais exigente.
Observações importantes:
- Foi rodado para este teste exatos 4.030,80 km, entre viagens para o oeste paranaense, litoral norte de São Paulo, interior paulista e finalizando em Niterói – RJ. Testamos sua eletrônica em terrenos sem aderência, manobrabilidade urbana e estabilidade em estradas e rodovias. NÃO foi realizado teste em pista fechada e, portanto, não há possibilidade de analisar velocidades finais.
- Esta moto completou 11.629,00 km, com desgaste excessivo do pneu traseiro.
- Seu consumo (gasolina comum) ficou no mínimo 11 Km/L e máximo 22 Km/L. Sempre com malas e garupa.
Fotos e filmagem: Geórgia Zuliani
Edição de texto Geórgia Zuliani
Texto e análise crítica: Carlos Amaral
Agradecimentos: Kawasaki Motores do Brasil, Prefeitura de Niterói -RJ, Porto Seguro Cia de Seguros Gerais, MT Capacetes e HLX Racing
Share Siga nos nas mídias sociais